MONTAGEM E TESTE DE RADIOTELESCÓPIOS EXPERIMENTAIS
LINHA DE EMISSÃO DO HIDROGÊNIO EM 1420 MHz

SESSÃO PRÁTICA NO OBSERVATÓRIO ANTARES, MPASTRO/UEFS
FEIRA DE SANTANA/BA (19 e 20/09/2025)
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Relato da sessão de observação da linha de emissão do hidrogênio (HI) em 1420 MHz (21 cm), em 19/09/2025, no Observatório Antares, em Feira de Santana/BA, para estudantes e professores do MPAstro/UEFS.
A estação de radioastronomia experimental consiste de antenas, LNA Nooelec H1, receptor SDR AirSpy R2, computador com os programas SDRSharp com o plugin IF Average e o software RJPro.
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Inicialmente, todos os componentes da estação foram montados e configurados no local de observação, em frente à cúpula do telescópio óptico. Posteriormente, houve palestra "RADIOASTRONOMIA PRÁTICA: A LINHA DO HIDROGÊNIO EM 1420 MHz", sobre o histórico, os recursos e o que se esperava observar, para logo em seguida haver a demonstração da estação em funcionamento.
Uma das antenas artesanais foi utilizada para a apresentação prática em 19/09/2025 e, depois, para registros de emissão HI e testes comparativos com a outra antena, no dia 20/09/2025.
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Agradecimentos pelas imagens aos professores e participantes: Alex, André, Evelin, Marildo.
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IMAGEM ABAIXO: Mapa com indicação aproximada do local onde as antenas foram montadas:

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Ao montar a estação de observação, é importante considerar fatores como a visada para o céu, o mais desobstruída possível, para a região onde será possível apontar a antena para o plano galáctico. Preferencialmente, o local deve estar afastado de fontes de interferências eletromagnéticas, como fiação de postes elétricos, cercas elétricas, motores etc. Também deve-se pensar na segurança da observação, evitando riscos desnecessários.

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Na imagem a seguir, o resultado do primeiro teste, com bastante interferências (RFI), mas mesmo assim, foi possível identificar a emissão do hidrogênio. A RFI pode ter diversas causas, inclusive do próprio computador, que estava muito próximo da antena. A região de longitude do plano da galáxia, aproximadamente em l = 20°, bem no zênite para o céu do local de observação.

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Imagens das duas antenas utilizadas:
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Semi Parabólica com alimentador adaptado para 1420 MHz e Antena Artesanal com Corneta Cônica de Papel Duplex e Papel Alumínio:

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​Mesmo com uma antena artesanal com alimentador de lata de alumínio e estrutura de corneta cônica, feita com papel duplex e papel alumínio, o sinal HI é perfeitamente discernível das interferências e de um sinal espúrio, característico de receptores do tipo SDR, que não foi possível de ser eliminado para a apresentação. Na imagem a seguir, exemplo do apontamento realizado em 19/09/2025, às 20:57 (local), para longitude galáctica de 20°:

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​Para efeito comparativo, a antena é apontada para regiões distintas da galáxia. Espera-se perceber diferenças no sinal, especialmente na amplitude relativa e na faixa de frequências, que varia devido ao efeito Doppler, das regiões mapeadas.
Na imagem a seguir, exemplo do apontamento realizado em 19/09/2025, às 21:28 (local), para longitude galáctica de aproximadamente 0°:



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​Para efeito comparativo:
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Para a longitude galáctica de aproximadamente 20°: o cursor do sinal exibe 1420,3121 MHz, aproximadamente e maior amplitude.
Para a longitude galáctica de aproximadamente 0°: o cursor do sinal exibe 1420,2972 MHz, aproximadamente, com menor amplitude.
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O sinal espúrio do SDR deve ser desconsiderado.
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Imagens da sessão de observação do dia 19/09/2025, com participação de professores e estudantes do MPAstro/UEFS:
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Relato das observações do dia 20/09/2025, no período matutino.​
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Nesta data, foram realizados testes comparativos com a antena de Corneta Artesanal com a antena Semi Parabólica. Foram apontadas para as mesmas regiões da galáxia, e os sinais registrados. Fotos, vídeos e cópias das telas reproduzidas a seguir.

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Logo que a antena Corneta foi montada, coincidiu de estar apontando diretamente para o Sol. O sinal registrado indica um maior patamar de ruído ao longo de toda a faixa de cerca de 2 MHz do receptor.​ Também é possível perceber um sinal residual em torno de 1420,4 MHz:

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Depois, a antena Corneta foi apontada para a longitude galáctica de, aproximadamente, 280°. Observar que o patamar de ruído ficou menor e é possível identificar claramente o sinal do apontamento para l~280°, com o seguinte registro:


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Em seguida, agora com a antena Semi Parabólica também apontando para a longitude galáctica de, aproximadamente, 280°, a faixa de frequência está aproximadamente a mesma, mas percebe-se maior nível no ruído geral, com o seguinte registro:


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Para concluir a observação nessa longitude galáctica, a antena Semi Parabólica foi apontada para fora do plano da Via Láctea. O patamar de ruído geral está quase inalterado e percebe-se algum sinal residual muito baixo, com o seguinte registro:


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Os vídeos a seguir foram gravados dentro da Cúpula do telescópio óptico do Observatório Antares. O computador que controlava o receptor SDR, bem como o próprio receptor AirSpy R2, estavam neste local, por ter melhor condição térmica e luminosidade para permitir a visualização da tela do computador. O LNA Nooelec H1 estava conectado diretamente às antenas, interligado ao receptor com cabo coaxial.​ No áudio dos vídeos, o ruído semelhante a ruído branco corresponde a sinal demodulado em amplitude de faixa de frequência onde o cursor do computador é selecionado.


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Mais algumas fotos dessa sessão de observação:​


Informações complementares e estudos realizados nas diversas montagens podem ser encontradas nos links:
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The SKAO table-top radio telescope (TTRT)
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Horn Antenna for the 21cm Neutral-Hydrogen Line
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MONTAGEM E TESTES DE ANTENAS ARTESANAIS PARA 1420 MHz
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Nos links acima, alguns exemplos de fontes de informações para montagem de antenas capazes de captar sinais na faixa de 1420 MHz. A antena semi parabólica é encontrada em fabricantes tradicionais de antenas, e o alimentador específico para 1420 MHz, pode ser obtido em páginas especializadas em tecnologia SDR e antenas. Há muitas páginas na Internet com propostas de construção para esse tipo de estação, bem como artigos com propostas diversas, para observação da linha de emissão do hidrogênio.
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Assim, também há propostas de antenas artesanais que podem ser construídas com diversos tipos de materiais. Muitas vezes é necessário verificar quais os materiais estão mais acessíveis e decidir estratégias para a montagem. Foram realizados testes para antenas com guia de onda de formato circular e retangular, com as respectivas cornetas de formato cônico e piramidal.
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Na figura a seguir, o componente da antena responsável pelo acoplamento elétrico dentro da cavidade do guia de onda, já soldado ao conetor SMA (existe também o acoplamento magnético, mas não foi testado). Esse elemento da antena deve ter dimensões compatíveis com o comprimento de onda da linha do hidrogênio, e é posicionado em local específico do interior do guia de onda, para máxima eficiência na captura do sinal eletromagnético, no comprimento de onda de ~21 cm. Conforme SILVA e BARRADAS (1978, p. 94) no livro Sistemas Radiovisibilidade, este elemento pode ser considerado como uma "sonda" dentro do guia de onda.

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MONTAGEM DA ANTENA COM ALIMENTADOR GUIA DE ONDA DE SEÇÃO CIRCULAR E CORNETA CÔNICA.​
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Nesta próxima imagem, a sonda de radiofrequência já parafusada, vista dentro do alimentador. Convém ressaltar que o alimentador de seção circular é uma lata de mantimentos de alumínio, com cerca de 16 cm de diâmetro.

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Além da lata de alumínio, foi providenciada uma extensão, também de alumínio, para que as dimensões do guia de onda circular sejam adequadas ao funcionamento na frequência de operação, no local de acoplamento com o elemento da corneta cônica:

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A primeira corneta cônica foi construída com papelão e revestida na face interior com papel alumínio:

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Nas imagens a seguir, as três montagens: primeiro corneta de papelão, depois com corneta de malha metálica de alumínio e a última feita com papel cartaz revestido com folha de alumínio, e que foi utilizada no Observatório Antares:



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A medida de SWR ou ROE (Relação de Ondas Estacionárias) para esta antena ficou com valor 1:1,64, em 1420 MHz. Sendo a antena apenas para recepção, haverá perdas, mas sem danos aos equipamentos. É possível tentar melhorar esse valor ajustando-se a dimensão do elemento acoplador elétrico.

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MONTAGEM DA ANTENA COM ALIMENTADOR GUIA DE ONDA DE SEÇÃO RETANGULAR E CORNETA PIRAMIDAL.​
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A montagem é dividida em duas partes: o alimentador com guia de onda de seção retangular e a corneta.
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Para o alimentador, uma folha de papel duplex com as medidas de acordo com alimentadores para comprimento de onda de 21 cm.

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Para a corneta, também foram usadas folhas de papel duplex, nas medidas específicas.
Depois de desenhar cada lado da corneta na face branca do papel duplex, folhas de papel alumínio foram coladas pelo lado correspondente à parte interna do guia de onda e da corneta.


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A seguir, foto do interior da corneta, já acoplada ao guia de onda. Observar como toda a superfície interna é coberta com o papel alumínio e a localização da sonda de cobre para acoplamento do sinal de radiofrequência.

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Depois de montada, a estrutura piramidal não suportou o próprio peso conforme imagem a seguir. Posteriormente, foi usada uma folha de papel duplex, sem o alumínio, somente para reforçar a estrutura interna da corneta, mantendo o formato piramidal, ao mesmo tempo permitindo a passagem do sinal de rádio sem muitas perdas.

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Medida de SWR ou ROE (Relação de Ondas Estacionárias) para esta antena ficou com valor 1:1,68, em 1420 MHz. Haverá perdas, mas sem danos aos equipamentos. É possível tentar melhorar esse valor ajustando-se a dimensão do elemento acoplador elétrico e melhorando a estrutura de suporte.

PARTICIPAÇÃO NO ENAST 2024: MINICURSO DE RADIOASTRONOMIA PRÁTICA: A VIA LÁCTEA EM 1420 MHz
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Em 16/11/2024 foi realizado o MINICURSO DE RADIOASTRONOMIA PRÁTICA: A VIA LÁCTEA EM 1420 MHz, integrando a programação do 24º ENAST (Encontro Nacional de Astronomia Ciência e Tecnologia para a Educação), que ocorreu no Campus Ondina da Universidade Federal da Bahia – UFBA, IGEO – Instituto de Geociências – em Salvado/BA. O evento foi promovido pela AAAB – Associação de Astrônomos Amadores da Bahia.
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IMAGEM ABAIXO: Mapa com indicação aproximada do local onde a antena foi montada:

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Para o minicurso, primeiro foi apresentada palestra sobre breve histórico sobre a radioastronomia, as janelas de observação cósmica, considerações sobre efeito Doppler, a estrutura da Via Láctea e seu estudo por meio de ondas de rádio, a partir das emissões de diversas regiões galácticas, na faixa de 21 cm (cerca de 1420 MHz). Foi demonstrado o uso dos programas para simular o céu local e de controle do receptor.
IMAGEM ABAIXO: participantes da primeira turma no minicurso:​


Também foram exibidos um simulador do experimento de Hertz, receptores de rádio dos programas Radio JOVE, Inspire Project e detalhes da estação, com a antena, LNA e receptor usado na estação de 1420 MHz.
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A sessão de observação prática ocorreu numa área externa ao lado do IGEO – Instituto de Geociências. Os participantes demonstraram muito interesse pelo assunto e colaboraram para levar a estação ao local de observação e realizar o seu apontamento, bem como teceram diversas observações pertinentes aos assuntos abordados.
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Havia obstrução parcial do céu, devido à proximidade de prédios e árvores. Assim, de três regiões previamente programadas, só foi possível realizar o apontamento para região aproximada de longitude galáctica de 20°.
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IMAGENS ABAIXO:​ Programa RJO-Pro, com simulação do céu do momento da observação e participantes com a antena usada:
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Também havia interferência eletromagnética moderada, mas com mudança de local da antena foi possível minimizá-la e observar o sinal, mesmo com baixa intensidade. Só foi possível salvar uma amostra de sinal com o qual foi editado o gráfico Frequência x Amplitude, exibido abaixo:

Após a sessão prática descrita acima, outra turma compareceu, demonstrando igual interesse pelo tema, mas só foi possível realizar a palestra, sem a sessão prática com novo apontamento de antena.
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As fotos da apresentação do minicurso, em sala de aula, foram obtidas em repositório do ENAST 2024.
PARTICIPAÇÃO EM AULA DE FÍSICA NO LABOFIS, UEFS, FEIRA DE SANTANA/BA
A VIA LÁCTEA EM 1420 MHz
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IMAGEM ABAIXO: Mapa com indicação aproximada do local onde a antena foi montada:

Sessão de Observação da Linha de Emissão do Hidrogênio da Via Láctea. LABOFIS, UEFS, Feira de Santana/BA
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Relato de participação em aula prática na Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS. Para estudantes da Graduação em Física e do Mestrado Profissional em Ensino de Astronomia (MPAstro).
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Na manhã do dia 06/04/2024, com o céu nublado e, ao mesmo tempo, com calor intenso, realizamos demonstração de montagem e ajustes para o funcionamento de uma estação experimental para recepção de sinais de rádio da Via Láctea. Neste caso, a estação é montada com dispositivos capazes de captar a emissão do Hidrogênio em cerca de 1420 MHz (linha de emissão em 21 cm). Devido ao efeito Doppler, com o movimento relativo das diferentes regiões da galáxia, o sinal registrado não é caracterizado como uma linha de emissão centrada em 1420,406 MHz, mas corresponde a uma faixa de frequências, que pode ser maior ou menor do que este valor, e que depende de para qual região da longitude da galáxia (l) a antena aponta, e que será monitorada.
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Na foto a seguir, enquanto nos protegíamos do calor, tentávamos verificar os sinais registrados no laptop com o programa SDRSharp, com o Plugin IFAverage.

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Abaixo, na imagem à esquerda, o programa Radio Jupiter Pro, para conferirmos se o apontamento da antena (região com elipse em linha verde, próxima à região entre longitudes galácticas 20° e 40°). Verificamos qual região do plano galáctico será interceptada, de acordo com as coordenadas do local de observação.
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Assim, a antena foi inicialmente apontada para Oeste, com elevação entre 20° e 30°.
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Na imagem à direita, tela do programa SDRSharp, com o Plugin IFAverage, possibilita ao longo de vários minutos a integração do fraco sinal, região entre cerca de 1420,50 e 1420,60 MHz, destacando-o do ruído de fundo. As raias verticais são interferências.
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Apontamos a antena para a direção Oeste, mas o plano da galáxia já estava próximo ao horizonte e havia um prédio e árvores na linha do horizonte. Isso pode ter contribuído para as interferências captadas e a intensidade relativamente mais baixa do sinal entre 1420,50 e 1420,60 MHz. Ainda assim, foi possível realizar a demonstração do funcionamento da estação. Registro realizado conforme telas a seguir (sinal recebido destacado com seta vermelha):

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Na imagem abaixo, gráfico com os valores de Frequência e Amplitude relativa, para destacar somente o que foi recebido entre 1420,30 a 1420,90 MHz e o sinal registrado na faixa de recepção, de 1420,50 a cerca de 1420,60 MHz, às 09:45, horário local.
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Logo depois, apontamos a antena para a direção Norte, que apresentava melhor visibilidade, mesmo com o plano galáctico já bem próximo ao horizonte e registramos o sinal a seguir, observar a ligeira mudança da faixa de frequência (seta vermelha):
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Ao final, para sanar dúvidas se realmente captávamos sinal da Via Láctea, apontamos a antena para região do céu mais distante do plano galáctico, em torno da direção Leste, e minutos depois o sinal registrado diminuiu consideravelmente (seta vermelha):
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Havia o calor intenso, forte luminosidade dificultando visualizarmos a tela do computador e as peculiaridades e cuidados necessários, inerentes às observações em campo, para assegurar o funcionamento da estação e apontamento da antena.
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Foi uma experiência muito rica, com participação e agradecimentos ao Professor Marildo Geraldête Pereira, e aos estudantes da Graduação e do Mestrado da UEFS.
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1420 MHz: OBSERVANDO EMISSÕES DO HIDROGÊNIO NA GALÁXIA

Situação de observação ~1420 MHz com visada menos obstruída para o céu.
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A mais recente sessão de observação da Galáxia em rádio, em ~1420 MHz, com a antena de ~0,6 m x ~0,8 m. Desta vez, a montagem foi realizada numa região mais afastada de Salvador/BA, com visada mais desobstruída para o céu, de modo que a antena, fixa, foi apontada diretamente para o zênite. Ainda assim, a antena estava no solo, e havia paredes laterais e poste com fiação elétrica na proximidade, de modo que ainda não foi uma situação ideal de observação (foto abaixo).
Foi possível perceber menor incidência de sinais interferentes, em relação às observações anteriores, num centro urbano com mais RFI. O registro do sinal com maior intensidade, certamente devido à situação um pouco melhor, quando da passagem da Galáxia pelo lóbulo da antena, com o movimento de rotação da Terra.
No vídeo a seguir, pode-se observar que há uma discreta elevação do sinal em ~1420,3, que coincide com a passagem da Via Láctea no lóbulo da antena.
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Na data da monitoração, dia 06/07/2021, com um dos registros salvos, foi criado o gráfico acima. A antena apontava para a região de longitude (l) em aproximadamente 25°, no plano da Via Láctea. No vídeo abaixo, percebemos que a maior amplitude do sinal ocorre em cerca de 1420,3 MHz, enquanto há o trânsito. Uma das tarefas que podem ser realizadas é tentar estabelecer a correlação do valor da frequência medida com o efeito Doppler correspondente à região da galáxia para onde a antena apontava. Nas observações anteriores, apontando para l = ~50°, o pico da frequência observada foi ~1420,56 MHz, e em l= ~195°, frequência de ~1420,17 MHz.
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1420 MHz: OBSERVANDO EMISSÕES DO HIDROGÊNIO NA GALÁXIA

Teste com o LNA GPIO (32 dB) ~1420 MHz
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Utilizando a mesma antena, com o apontamento para a mesma região do céu, foi realizado teste com outro LNA, do fabricante GPIO, modelo "Filtered Hydrogen Line 1420 MHz", com ganho de 32 dB.
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Inicialmente, foi identificada emissão em cerca de 1420, 25 MHz, mas como o sinal se manteve mesmo depois de a Via Láctea estar fora da região do lóbulo da antena, foi considerado como sinal espúrio (destacado em amarelo, na figura abaixo).
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Mesmo com o ganho elevado e filtragem, este LNA tem ganho menor que o da NOOELEC, mas ainda serão realizados outros testes, para confirmar se será possível captar o sinal nas condições atuais (obstrução parcial). Com o LNA NOOELEC, de 40 dB de ganho, as observações mantiveram um padrão, possíveis de registro quando a Via Láctea está transitando no lóbulo principal da antena.


Reajuste da frequência central e detalhamento dos valores medidos ~1420 MHz
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Sem o efeito Doppler, a frequência da linha de emissão do hidrogênio é 1.420.405.751,7667 Hz, que aproximamos para 1420,406 MHz. Este valor de frequência foi configurado como a frequência central de observação, por estar mais coerente como referência e para evitar o artefato do receptor exatamente em 1420,00 MHz (raia vertical, nos diversos gráficos exibidos).
As duas observações mais recentes, no período matutino e, depois, noturno, a seguir, com gráficos que foi editados a partir dos valores de intensidade relativa nas várias frequências.


1420 MHz da Via Láctea a ~50°

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No período diurno, a região da Via Láctea que está no céu local é de coordenadas de aproximadamente 50° de longitude no plano da galáxia. À noite, na data da observação, a região da galáxia que está visível para o local da antena é em torno de 195°, registro às 20:09 (Brasília).



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No próximo gráfico, a ausência do sinal da galáxia, com registro às 22:30 (Brasília), quando a Via Láctea já estava fora do lóbulo principal da antena:

Breve teste com antena apontada para o Sol, em ~1420 MHz
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Apenas para confirmar se haveria aumento no nível de ruído ao apontar a antena diretamente para o Sol. Como a animação mostra, não houve emissões discretas em frequências específicas (a raia exibida exatamente em 1420 MHz é um artefato do receptor, deve ser desconsiderada). No entanto, percebe-se um aumento no patamar geral de ruído, de -62 para cerca de -61 dBm, enquanto o Sol (representado à esquerda por pequeno círculo amarelo, próximo da linha da direção Leste - Oeste) transita na região do céu para onde a antena aponta (região em verde). Observar como o patamar de ruído se reduz quando o Sol sai do lóbulo da antena.
Diagrama simplificado do recpetor em ~1420 MHz
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O receptor utilizado é composto por antena parabólica (originalmente projetada para recepção de celular rural, o que implica em estar operando fora da sua faixa de maior ganho). Foi realizada uma troca do alimentador por outro artesanal, mas o resultado foi insatisfatório.
O LNA (Low Noise Amplifier, amplificador de baixo ruído) da NOOELEC, modelo SAWbird+H1, com ganho de 40 dB, é específico para monitorar a emissão do hidrogênio e possui filtro para a faixa. O Receptor SDR é da Airspy, modelo R2, capaz de operar de 24 MHz a 1,7 GHz. Para controlar o SDR Airspy R2, via cabo USB até o computador, é usado software SDRSharp, com um "plugin" para realizar a integração do sinal recebido, de modo a se destacar o sinal acumulado na faixa de interesse da linha do hidrogênio. De outro modo, sem integrar o sinal recebido, não é possível identificar onde há ocorrência da emissão, que é de baixa intensidade.
Como o ganho do sistema não é muito alto, há outro LNA, da Mini-Circuits, modelo ZX60-P162LN+, mas como o ambiente onde os testes são realizados possui muita RFI, o nível da relação sinal/ruído degradou muito quando inserido entre a antena e o SAWbird+H1, por isso não foi usado para monitoração de longa duração. Será utilizado novamente em outras tentativas de aumentar o patamar de recepção do sinal de hidrogênio da galáxia, em local com menos RFI.
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SAWbird+H1, carga de 50 ohm e o receptor SDR AIRSPY R2
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Abaixo, foto SAWbird+H1 interligado (via adaptador de conectores SMA) ao receptor AIRSPY. O LED do SAWbird+H1 está acesso, indicando que está alimentado via Bias T (que é a alimentação pela mesma conexão coaxial de rádio). Também na foto (à esquerda) a pequena carga padrão de 50 Ohm, para calibração do receptor.
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LNA - ZX60-P162LN+
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Abaixo, foto do LNA (Low Noise Amplifier), modelo ZX60-P162LN+, do fabricante Mini-Circuits. Está com fiação de alimentação DC de 4 V. Logo abaixo, um adaptador SMA, para interligar com outras partes do circuito receptor.
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Repetindo captação de sinal em ~1420 MHz
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Foram realizadas diversas sessões de observação, para confirmar que a recepção se repete quanto da passagem do plano da Via Láctea no lóbulo principal da antena (a antena é fixa, apontando para a mesma região do céu). Os níveis recebidos são muito baixos, e o local de recepção não possibilita apontar para outras regiões do céu. Nas animações abaixo, observar à esquerda o diagrama do céu local, com o software Radio Jupiter-Pro, no qual a região do plano da Via Láctea aparece inclinada em relação à direção Leste Oeste. À direita, observar pequenas variações em relação à linha horizontal vermelha. O lóbulo principal da antena receptora é indicado em verde, no diagrama do Radio Jupiter-Pro (à esquerda, na animação), foi gerada com base nas informações do fabricante da antena utilizada, e o azimute aponta na direção noroeste, com elevação de 35°, aproximadamente.
Algumas vezes a RFI esteve muito elevada, inviabilizando a identificação da região do gráfico frequência (MHz) por Intensidade (dBm) em que a emissão do hidrogênio está sendo captada. Desconsiderar a raia (linha vertical branca) exatamente em 1420 MHz, pois é artefato do receptor SDR. Eventuais pequenas raias verticais são interferências. O sinal que está sendo monitorado apresenta-se como uma pequena elevação em relação ao patamar geral de ruído. A faixa de frequência medida e registrada é diferente a depender de qual região da Via Láctea está sendo monitorada, isso ocorre em função do efeito Doppler.
Devido às limitações do local de observação, a antena só pode ser apontada para noroeste do céu. Nesta época do ano, em que a observação foi realizada (março de 2021), durante o dia a antena aponta para a região de cerca de 55° da Via Láctea, e à noite para cerca de 190°. Em cerca de 50°, a faixa de frequência está em torno de 1420,6 MHz e na região da Via Láctea de 190°, em 1420,2 MHz, aproximadamente.
Primeira sessão de observação do Hidrogênio Neutro da Via Láctea
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Este é um teste há muito tempo planejado, e foi realizado com base em outros experimentos documentados na Internet sobre como captar emissões de rádio do Hidrogênio neutro na galáxia, com receptores do tipo SDR e LNB, com filtro para a faixa de 1420 MHz. Várias dicas foram obtidas na página da RTL-SDR.COM. No setup do radiotelescópio experimental, foram utilizados:
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Antena parabólica de 0,6 x 0,8 m, com polarização vertical (esta antena ainda não foi adaptada para a faixa de frequência correta, por isso o resultado ainda pode ser melhorado, para esta faixa o ganho deve estar inferior a 18dBi);
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LNB Nooelec, para recepção em 1420 MHz, com 40 dB de ganho;
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Receptor SDR, da AIRSPY, ganho ajustável;
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Laptop com o programas SDRSharp e Radio-Jupiter Pro;
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Bússola;
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Para monitorar a passagem da Via Láctea, foi usado o programa Radio-Jupiter Pro, com o diagrama da antena configurado para mostrar a região aproximada do céu para onde a antena apontava.
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Convém ressaltar que esta é uma sessão experimental intencionalmente realizada em situação de observação precária, com local de observação com visada apenas parcial para o céu e com muitas fontes de interferências (RFI).
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Como já dissemos, na seção de História da Radioastronomia, Harold Irving Ewen (1922 - 2015) e Edward Mills Purcell (1912 - 1997), da Universidade de Harvard, em 1951, foram os primeiros a comprovar a existência desse sinal de rádio, que resulta da imensa quantidade de hidrogênio presente na vastidão da nossa galáxia. São emissões em torno de 1420 MHz que dão indícios da morfologia da Via Láctea, com base nos desvios de frequência, por conta do efeito Doppler.
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No vídeo a seguir, o primeiro registro de melhor qualidade das sessões de observação realizadas, é possível visualizar o sinal de muito baixa intensidade, por volta de 1420,2 MHz (por conta do efeito Doppler), que está presente enquanto a faixa da Via Láctea está no lóbulo principal da antena, por conta do movimento aparente do céu. Apesar das condições adversas de observação, foi possível identificar o fraco sinal, que só está presente enquanto o plano da galáxia está no lóbulo da antena. Em outra sessão, este comportamento se repetiu. As raias verticais de maior amplitude devem ser desconsideradas, pois são sinais interferentes.
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